Nove anos na EY: o que aprendi sobre pessoas por trás dos números - trainee a gerente de auditoria
- Maxmilliano Reis
- 29 de jul.
- 2 min de leitura
Atualizado: 17 de ago.

Quando entrei na EY como trainee, achei que auditoria era só planilha e norma. Na primeira semana, descobri que era, antes de tudo, escuta: entender a história por trás de cada lançamento, de cada decisão, de cada “jeito” que a empresa encontrou para funcionar.
Lembro de noites longas fechando um balanço com o controller — café, silêncio e uma pilha de conciliações. No fim, mais do que “bateu”, ficou a sensação de alívio no rosto dele. Ali eu entendi que número certo não é vaidade: é paz de espírito para quem carrega a operação no ombro.
Passei por times no Brasil e na França. Idiomas mudam, regras mudam, mas algumas coisas são universais:
Falar a verdade cedo é um gesto de respeito. Às vezes a resposta é dura (“vai dar diferença”), mas dizer isso com clareza e calma evita noites piores depois.
Ritmo cria confiança. Não é sobre perfeição; é sobre combinar ritos, aparecer na hora combinada e terminar o que começou.
Ninguém é “só financeiro” ou “só contábil”. Por trás de cada atraso existe alguém tentando fazer o melhor com o que tem. Sentar junto, ouvir e construir um caminho é parte do trabalho.
Tive a sorte de ver indústrias, varejo, agro, construção… cada setor com sua bagunça particular e sua beleza também. Em uma operação, o gerente de fábrica me disse: “nunca tinham explicado assim”. Não era uma grande descoberta técnica; foi linguagem. Desenhar no quadro, traduzir o jargão e fazer sentido para quem decide.
Se eu resumisse os aprendizados que carrego comigo, ficariam assim:
Clareza antes de perfeição. Primeiro a verdade do número; depois o refinamento.
Ritual salva mês. Pequenas rotinas (checklists, prazos, donos) valem mais que promessas grandes.
Gente > planilha. O clima em volta do fechamento importa tanto quanto o fechamento.
Explicar é parte do trabalho. Quando todos entendem o “porquê”, as coisas andam sem empurrão.
Humildade técnica. A norma é importante, mas a realidade pede adaptação — com responsabilidade.
Foram quase nove anos, de trainee a gerente de auditoria EY, aprendendo a cuidar dos números para cuidar das pessoas. Hoje, quando sento com founders, esse é o fio que me guia: transformar pressão em clareza e ruído em conversa sincera. Nem sempre é rápido, nem sempre é bonito — mas quando a engrenagem encaixa, a empresa respira.
Se você chegou até aqui, obrigado por ler a minha história. Ela é, no fundo, sobre respeito pelo trabalho de quem constrói. E sobre como números, quando bem tratados, viram confiança.
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