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Experiência no AgroGalaxy: o que aprendi entre safra, M&A e a maratona de um IPO

Atualizado: 17 de ago.

Agrogalaxy (Revenda de insumos agricolas), Goiânia

Quando cheguei ao AgroGalaxy, percebi que finanças no agro tem um pulso próprio. Existe o calendário do mercado — e existe o calendário da safra. Você faz conta, projeta, organiza um plano… e a chuva resolve ter opinião. Ali eu aprendi a diferença entre mandar no número e cuidar do número.


Coordenei localmente a preparação para o IPO na B3 (jul/2021), numa captação de R$ 330 milhões. No dia a dia, meu escopo ia de FP&A (orçamento, forecast e reporting) a M&A (aquisições, integrações, data room), com o trabalho de traduzir a operação — lojas, estoque, crédito, logística — para uma narrativa que fizesse sentido para diretoria, conselho e, mais tarde, para o mercado.


Três cenas da minha experiência no AgroGalaxy que ficaram comigo


1) Orçamento não mora no Excel. No ciclo de budget, todo mundo “sabe” a meta. Mas quando o preço do fertilizante mexe, o que conta é ouvir o campo. Lembro de uma manhã ajustando premissas com gente de vendas e de compras na mesma mesa: volume, prazo médio, política de crédito. A planilha não queria aceitar; a realidade, sim. Saí dali com um orçamento menos “bonito” e mais verdadeiro — e foi o que salvou o nosso forecast quando o vento mudou.


2) Due diligence com data marcada. M&A não espera humor. Tem checklist, IC/DD, prazos curtos e muita informação espalhada. O que funcionou não foi “força bruta”, foi ritmo: donos claros, quadro simples do que falta, bridge contábil↔gerencial para explicar números que não “fechavam” à primeira vista, e data room vivo. Quando a conversa é honesta, o problema aparece cedo — e dá tempo de resolver.


3) O silêncio do pré-IPO. Antes do IPO, existe um tipo de silêncio específico: aquele em que cada número é medido três vezes. Não é performance por vaidade; é confiança. Eu nunca esqueci a cara das pessoas quando o pacote de report bateu no prazo e na qualidade: era cansaço, sim — mas também alívio. É dessa sensação que eu falo quando digo “número certo dá paz de espírito”.


O que o AgroGalaxy me ensinou (e que founders reconhecem)


  • Clareza antes de perfeição. Primeiro, a verdade do número; depois, o polimento.

  • Rito > promessa. D+ só existe quando há responsável, insumo e agenda — todo mês.

  • BvA sem autoengano. A variação não é “erro”: é história esperando explicação e dono do plano de ação.

  • Bridge contábil↔gerencial. Duas lentes olhando a mesma coisa; se elas não conversam, a decisão fica cega.

  • Capital de giro é oxigênio. Estoque, prazos e crédito respiram juntos; quando trava em um, falta ar no outro.

  • Explicar é parte do trabalho. Se não dá para colocar no quadro branco, ainda não está claro.


Bastidores que não aparecem no release


  • Gente cansa. E tudo bem dizer “hoje não dá”. O que não dá é quebrar a combinação.

  • Nem toda divergência é conflito. Às vezes é só idioma diferente entre áreas. Traduzir é tão útil quanto reconciliar.

  • O plano vive de fronteiras. O que está dentro do escopo? Quem decide quando muda? Escrever isso salva mês.

  • Narrativa sincera poupa energia. “Vai dar diferença” dito cedo, com respeito, salva noites.


O que levo comigo sempre que penso em crescimento

  • Calendário de safra (metafórico) existe em toda empresa: seus ciclos de alta e baixa. Ignorar isso nas metas é pedir frustração.

  • Forecast é conversa contínua, não evento. Quanto mais cedo o sinal, menor o desvio lá na frente.

  • Integração dói menos com checklists simples, versões curtas de processos e treinos rápidos (antes de aumentar a velocidade).

  • Pessoas confiam em processo. Quando os ritos giram, a tensão cai e a execução aparece.


A experiência no AgroGalaxy me deu uma disciplina que não cabe num parágrafo, e uma calma que não aprende em slide. No agro, quem corre mais cedo nem sempre chega melhor — quem chega bem é quem respeita o tempo da terra, combina ritos e conta a verdade do número, mesmo quando ela não é a mais bonita.


No fim, é sobre isso: aprender um ritmo que sobreviva ao pico e à entressafra. E levar esse respeito pelos ciclos para qualquer conversa sobre crescimento.


Notas de contexto: Atuei como Coordenador de FP&A/M&A, com reporting mensal/trimestral, orçamento e forecast, suporte a aquisições e integração, e coordenação local na preparação do IPO na B3 em julho/2021 (captação de R$ 330 milhões).




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