Believe: o que aprendi tentando fazer uma empresa crescer do zero
- Maxmilliano Reis
- 1 de dez. de 2023
- 3 min de leitura
Atualizado: 17 de ago.

Fui fundador da Believe Escola de Idiomas entre 2017 e 2022. Eu queria ter uma experiência do empreendedorismo da vida real, logo decidi fazer uma empresa crescer do zero. Antes de qualquer planilha, teve porta aberta, café passado e um monte de coisas acontecendo ao mesmo tempo. É um texto sobre rotina, pressão e força de vontade — e sobre como números ganham rosto quando a empresa é sua.
Três cenas que não saem da cabeça
1) Folha às 18h da sexta.O relógio corre, o caixa aperta e a decisão não é teórica. É quem recebe quando, como comunicar e o que ajustar para o mês seguinte. Aprendi ali que runway (fôlego de caixa) não é conceito; é gente.
2) A matrícula que não veio.Você oferece aula extra, liga, ajusta proposta, visita a família… e mesmo assim o aluno não fecha. Leva um tempo para entender que perda faz parte e que o importante é registrar o motivo para o próximo ciclo do comercial aprender mais rápido.
3) A turma que virou comunidade.Entre um módulo e outro, a escola vira ponto de encontro. A taxa de renovação melhora porque alguém escutou no corredor. Parece detalhe, mas é retenção — e retenção paga muitas contas.
O que doeu (e ensinou) enquanto eu fazia uma empresa crescer do zero
Caixa é oxigênio. A primeira verdade do mês. Quando falta, todo o resto perde cor.
Preço conversa com valor. Não adianta “baratear” sem contar a história certa; desconto sem narrativa só come margem e piora a percepção.
Rito salva semana. Segunda de prioridades, quinta de cobrança, sexta de acertos. Sem ritual, a operação desorganiza a cabeça.
Gente segura a onda. Quem atende no balcão, dá aula, responde mensagem — decide a sua reputação antes de você.
Medir é explicar. Métrica que ninguém entende vira dor de cabeça. Métrica explicada vira ação.
Coisas que eu faria mais cedo
Calendário real de caixa (13 semanas). Para dormir melhor e evitar sustos.
Uma página de “o que é sucesso deste mês”. Três metas, quem faz, quando fecha. Sem novela.
Notas de perda. Registrar por que não fechou/renovou para corrigir processo, não culpar pessoas.
Treinos curtos e frequentes. Ensinar “como fazemos aqui” vale mais do que um manual bonito.
Comunicação sincera. Quando a maré baixa, verdade dita cedo salva energia do time.
Coisas que eu desaprendi (a duras penas)
“Eu resolvo tudo.” Ninguém opera no 220V por muito tempo. Delegar é sobreviver.
“Quando vender mais, arruma.” A bagunça cresce junto e costuma sair mais cara.
“Todo cliente é meu cliente.” Não é. Dizer não evita prometer o que você não pode cumprir.
Encerrar também é gestão
Em 2022, encerrei a operação. Dói escrever. Mas aprendi que fechar do jeito certo — conversando, combinando, olhando nos olhos — também é parte da responsabilidade com gente e com número. Eu brinco que foi um MBA da vida real: curto em slides, imenso em aprendizagem.
O que ficou comigo
Clareza antes de perfeição. Primeiro a realidade; depois o polimento.
Ritos e donos. Quando a rotina gira, a ansiedade desce.
Respeito pelos ciclos. Toda empresa tem sua “safra”: tem hora de plantar, colher e rever a rota.
Linguagem que cabe num quadro branco. Se não dá para explicar simples, ainda não está claro.
Se você é founder e está no olho do furacão: eu sei como é. Tem dia de alegria e dia de apertar o coração. O que aprendi no Believe me acompanha até hoje: cuidar de gente enquanto cuido dos números, e lembrar que empresa boa é a que respira — por dentro e por fora.
Notas de contexto: Fui fundador da Believe entre 2017 e 2022. A experiência me deu uma visão prática de produto, vendas, atendimento, caixa, preço, retenção e rotina de operação — aprendizados que levo comigo em qualquer conversa sobre crescimento.
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